O Núcleo de Estudos e Ensino em Linguagens, Alfabetização e Letramento (NEELAL), situado na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/Maracanã), foi fundado em 2019, com o objetivo de promover pesquisas e ações de aprofundamento da formação de graduandas/os do curso de Pedagogia. Estudantes bolsistas e voluntárias/os do Programa de Incentivo à Docência na Graduação (PRODOCÊNCIA) e Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística (PROCIÊNCIA), juntamente com estudantes do Programa de Pós-Graduação em Educação (PROPED/UERJ) e professoras-coordenadoras do Núcleo, voltam sua atenção à formação de leitoras/es e escritoras/es, crianças, jovens e adultas/os.

A concepção de processos diversos de alfabetização assumida pelo NEELAL se constrói em princípios de resistência aos padrões idealizados e unificados de modos de aprender e de ensinar. Pautados em culturas hegemônicas, tais padrões vêm, ao longo da história racista, patriarcal e colonizadora de nosso país, ignorando os sujeitos periféricos comumente associados ao fracasso escolar. Da mesma forma, são ignoradas suas histórias, culturas e experiências individualizadas de interação com o mundo, bem como os conhecimentos e as formas sistematizadas de trabalho pedagógico nos processos de alfabetização.   

Com atividades presenciais iniciadas em 2022, o NEELAL vem constituindo sua identidade através de três projetos formadores específicos, porém imbricados, tendo em comum os processos de alfabetização vividos por crianças, jovens e adultas/os, compreendidos à luz da perspectiva discursiva de linguagem.

As atividades do Núcleo se inserem no entrecruzamento de Projetos de Pesquisa, vinculados às bolsas Prodocência e Prociência, coordenados pelas professoras Janaína Moreira, Maria Letícia Machado e Paula Cid. São eles: Estudos sobre o cenário da alfabetização de crianças imigrantes nas escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro: Um programa de formação na Licenciatura em Pedagogia; A formação de professores alfabetizadores em contextos de diversidade: entre políticas e práticas curriculares; A formação de leitores e escritores: modos individuais de representação da docência e dos processos de aprendizagem na área de Linguagem.

 

Apoiadas/os na premissa de que é possível potencializar alteridade e autoria das/os estudantes, através de discussões e atividades que demandam postura crítica, democrática e criadora, são promovidos momentos formativos em instâncias diferenciadas de Ensino, Pesquisa e Extensão. As discussões e proposições envolvem a teoria e a prática mediadora na alfabetização, a partir da produção de sentidos que se dão em espaços coletivos da universidade e da escola pública, identificando, assim, o papel de inclusão social subjacente às experiências sociais em cultura escrita.

Foi a partir deste conjunto de princípios, que em 2022 o NEELAL iniciou um ciclo de estudos e ações que dialogasse com as vivências de(com) crianças refugiadas no Brasil, em especial aquelas matriculadas em escolas das redes públicas do Rio de Janeiro. Para subsidiar essa reflexão, foi selecionada a obra Narrativas de infâncias refugiadas: a criança como protagonista da própria história (Paraguassu, 2022). Foi possível compreender, através do olhar sensível da autora, elementos essenciais do refúgio infantil em um novo espaço social, cultural e, portanto, simbólico. Também de Paraguassu (2017), a obra A menina que abraça o vento – A história de uma refugiada congolesa, fez parte do material de consolidação conceitual sobre as narrativas infantis de refugiadas, provocando novos sentidos sobre a noção de Língua Portuguesa como língua de acolhimento  e inclusão dessas infâncias. 

É como no abraço e na espera de Mersene, personagem de Paraguassu (2017), que o NEELAL se aproxima do MiRe, na busca por espaços crítico-reflexivos que privilegiam o diálogo permanente sobre as questões voltadas à inclusão.

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Janaína Moreira, Maria Letícia Machado e Paula Cid são do Núcleo de Estudos e Ensino em Linguagens, Alfabetização e Letramento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Fotos: NEELAL