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Pensatas sobre migração e refúgio na infância e adolescência

Por Fernanda Paraguassu

Os órfãos das guerras

por | nov 11, 2023 | viu isso? | 0 Comentários

Saif era pequeno quando pai e mãe durante a guerra do Iraque. Em 2012, aos 12 anos, morava em um orfanato, onde jogava videogame, cantava e sonhava em se tornar ator quando crescer, segundo matéria da BBC daquele ano. Uma pesquisa revelava que os anos de guerra com os Estados Unidos deixaram entre 800 mil e 1 milhão de crianças órfãs, sem um ou os dois pais. Mas agentes humanitários acreditam que a estimativa é conservadora e que o número é muito maior.

No mesmo orfanato, criado pelo iraquiano Hisham Hassan, com doações particulares, estão Mustafa e Mortada, que também perderam os pais. Hassan diz que se esforça para cuidar dos 32 garotos. “Se não cuidarmos bem deles, eles vão crescer e ser explorados por terroristas. Serão como bombas –uma ameaça à segurança e ao futuro do país”, diz Hassan.

Mustafa e Mortada – Foto: BBC

Na Ucrânia, a ONG Human Rights Watch denunciou as consequências devastadoras da invasão russa sobre os órfãos ucranianos. Milhares dessas crianças teriam sido transferidas à força para a Rússia ou territórios sob ocupação de Moscou. Dezenas de orfanatos ucranianos foram danificados ou destruídos durante a guerra, piorando as condições das crianças acolhidas. A ONG denuncia que um grupo de crianças de uma instituição em Mariupol foi espancado pelo exército russo durante o cerco na primavera de 2022 e ficou sem falar durante quatro dias após ser resgatado.

Em Gaza, há crianças que sobrevivem a bombardeios mas ficam órfãs. De acordo com a diretora da Children and Families Across Borders (CFAB), Caroline Hausmann, ainda não é possível estimar o número de crianças que ficaram sem família. Mas ela observa que o número será “enorme”.

“Qualquer criança que perca os pais como resultado da guerra ficará traumatizada e enfrentará um longo caminho para a recuperação. Haverá centenas, senão milhares de crianças afetadas”, afirma a diretora da CFAB.

Grupos que trabalham com refugiados em Gaza afirmaram que já houve grande procura por apoio psicológico e social para as crianças afetadas pelos ataques após o 7 de outubro. “Não há lugar mais solitário no mundo do que a cama de uma criança ferida que já não tem família para cuidar dela”, escreveu nas redes sociais o médico Ghassan Abu Sittah, cirurgião plástico e reconstrutivo britânico, que atualmente trabalha no Hospital al-Shifa, na cidade de Gaza.

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