O prefácio do prof. Mohammed ElHajji, orientador da autora, chama a atenção com o título “Saint-Exupéry dos pequenos refugiados”. Começa assim: “’Por favor… desenha-me um lar’ disse, sorridente, o pequeno refugiado à exploradora dos universos pequenos”. Professor titular da UFRJ, ElHajji acompanhou Fernanda Paraguassu em sua trajetória do mestrado, que deu origem a este livro Narrativas de infâncias refugiadas: a criança como protagonista da própria história. Com uma linguagem inovadora para o ambiente acadêmico, o trabalho de mestrado foi vencedor do Prêmio Compós, na categoria Melhor Dissertação, em 2021, sendo o primeiro título da coleção Renovação, selo de discentes premiados ou indicados a prêmios, publicado pela Escola de Comunicação da UFRJ. Fernanda acompanhou os primeiros passos de crianças refugiadas do processo migratório na fronteira do Brasil com a Venezuela, e desenvolveu uma atividade com um grupo interiorizado no Rio de Janeiro. O objetivo foi oferecer um momento de escuta e identificar a percepção das crianças sobre seu processo migratório.
Este livro analisa como os quatro países sul-americanos (Brasil, Colômbia, Equador e Peru) recebem crianças e adolescentes venezuelanos. Numa primeira seção, apresenta as principais características da migração venezuelana nos países citados e descreve os contextos de acolhida em relação às políticas migratórias. Na sequência, a vida na Venezuela e os motivos de saída, a experiência da viagem, a vida nas fronteiras, a vida nas cidades, e os obstáculos para usufruir dos direitos. Em todos os eixos, os pesquisadores identificaram os medos, os riscos e as vulnerabilidades. Ao final, há uma série de recomendações de políticas migratórias. É uma publicação consistente, com relatos de crianças e adolescentes de 12, 15, 17 anos, além de imagens, que se sobressai por abordar diretamente a criança e o adolescente.
Existe um cenário legal propenso à proteção nacional efetiva das crianças refugiadas no Brasil, considerando-se sua dupla vulnerabilidade? A autora parte da premissa de que faltam diretrizes específicas para esse grupo. O objetivo do trabalho da advogada Samanta Francine Pinto Alvarenga é compreender e analisar a questão da proteção das crianças refugiadas no Brasil a partir de três pontos: a vulnerabilidade e a proteção dos refugiados no Brasil; a vulnerabilidade e a proteção das crianças no Brasil; e a dupla vulnerabilidade e a proteção das crianças refugiadas no Brasil.