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Pensatas sobre migração e refúgio na infância e adolescência

Por Fernanda Paraguassu

Crianças brasileiras em risco no Darién

por | mar 8, 2024 | viu isso?

Lalo de Almeida/Folhapress

Este ano é uma oportunidade para inserir de forma adequada o tema do Estreito de Darién na discussão migratória brasileira. A afirmação é do defensor público federal João Chaves, que participou da live VIDAS EM TRÂNSITO: a realidade e os desafios dos migrantes que cruzam o Darién, nesta quinta (7/2), promovida pelo Instituto de Políticas Públicas Migratórias (IPPMIG).

O Estreito de Darién fica entre a Colômbia e o Panamá. É um território controlado, em uma parte, pelo narcotráfico e, em outra, por grupos indígenas. Conhecido como “a selva da morte”, foi tema de reportagem especial do jornal Folha de S.Paulo nesta semana, assinada pelos repórteres Mayara Paixão e Lalo de Almeida, que passaram seis dias na região.

De acordo com a reportagem, mais de 15 mil menores brasileiros já cruzaram o Darién rumo aos Estados Unidos desde 2020. Em sua maioria, são filhos de haitianos que nasceram no Brasil, e enfrentam a travessia no meio da selva, lidando com situações de abandono, violência e morte. “O desespero para conseguir sustentar a família e a desinformação sobre as condições hostis da selva de Darién explicam, em parte, por que o fluxo migratório não cessa”, diz o texto da matéria.

“Se você quer discutir imigração irregular, as políticas de refúgio no Brasil, a questão laboral de migrantes – especialmente na agroindústria na região Sul, você tem que contar com Darién”, afirma João Chaves.

No entanto, segundo ele, é necessário evitar visões moralizantes, de que a migração irregular é um mal, de que as pessoas estão erradas. O mundo vive uma intensificação da migração irregular pelas barreiras colocadas pelos países. Inclusive em nossa região, explica o representante da DPU. A América do Sul também passa por um processo de securitização, deixando de ser um espaço de livre circulação como foi tão anunciado na época da migração intrarregional do Mercosul, e passa a ser um campo político de discussão dos fluxos migratórios globais, o que inclui a migração rumo ao norte global, principalmente aos Estados Unidos e Canadá por via terrestre.

João Chaves, DPU

Há ainda, afirmou Chaves, a necessidade de se discutir o contrabando de migrantes, que se difere do tráfico de pessoas. Segundo o Escritório das Nações Unidas para o combate a drogas e crimes (UNODC), o contrabando termina com a chegada do migrante em seu destino, enquanto o tráfico de pessoas envolve, após a chegada, a exploração da vítima pelos traficantes, para obtenção de algum benefício ou lucro, por meio da exploração.

Nesse sentido, o defensor João Chaves destaca a importância de dar visibilidade ao tema do Darién e de promover um trabalho de educação para alertar sobre os riscos de morte, roubo, violência sexual, especialmente contra mulheres e meninas, e do desaparecimento de crianças durante a travessia. Segundo o defensor público, crianças e adolescentes merecem um olhar específico em relação aos riscos, principalmente as crianças pequenas.

Assista aqui à live completa.

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